Milagre o Testemunho da Verdade

terça-feira, 7 de novembro de 2017

O amigo do padre Pio que voltou à vida após 3 horas no purgatório



O frei Daniele Natale foi um sacerdote capuchinho italiano que se dedicou a missionar em terras hostis durante a 2ª Guerra Mundial. Ele socorria os feridos, enterrava os mortos e salvava os objetos litúrgicos. Em meio a este cenário, em 1952, na clínica “Regina Elena”, ele recebeu o diagnóstico de câncer.

Com esta triste notícia, ele foi ver o Padre Pio, seu amigo e guia espiritual, quem lhe insistiu para que tratasse sua doença. O frei Daniele viajou a Roma e encontrou o médico que lhe haviam recomendado, Dr. Riccardo Moretti. Este médico, no começo, não queria realizar a cirurgia, porque tinha certeza de que o paciente não sobreviveria. Mas, influenciado por um impulso interior, acabou aceitando o desafio.



A intervenção foi realizada no dia seguinte pela manhã. Apesar da anestesia local, o frei Daniele continuou consciente. Ele sentia dor, mas não manifestava: pelo contrário, estava contente por poder oferecer seu sofrimento a Jesus. Mas, ao mesmo tempo, ele tinha a sensação de que esta dor estava purificando sua alma dos pecados.

Depois de algum tempo, ele sentiu que dormia. Para os médicos, ele havia entrado em coma, na qual permaneceu durante três dias, falecendo logo depois. Redigiram o atestado de óbito confirmado pelos médicos, e seus familiares se aproximaram do seu leito para rezar pelo defunto. No entanto, após algumas horas, o “morto” voltou à vida.



Três horas de purgatório

O que será que aconteceu com o frei Daniele durante aquelas horas? Onde esteve sua alma? O frade relatou sua experiência no livro “Fra Daniele reconta”. Deste escrito, compartilhamos os seguintes trechos:

“Eu estava em pé diante do trono de Deus. Pude vê-lo, mas não como um juiz severo, e sim como um Pai carinhoso e cheio de amor. Então, percebi que o Senhor havia feito tudo por amor a mim, que havia cuidado de mim do primeiro ao último instante da minha vida, amando-me como se eu fosse a única criatura existente sobre esta terra. Percebi também, no entanto, que eu não só não havia correspondido a este imenso amor divino, senão que havia descuidado dele. Fui condenado a duas-três horas de purgatório.

‘Mas como? – perguntei-me. Somente duas-três horas? Depois vou permanecer para sempre junto a Deus, eterno amor?’. Deu um pulo de alegria e me senti como um filho predileto. (…) Eram dores terríveis, que não sei de onde vinham, mas se sentiam intensamente. Os sentidos que mais haviam ofendido Deus neste mundo: os olhos, a língua, sentiam maior dor e era algo incrível, porque no purgatório a pessoa sente como se tivesse o corpo e conhece, reconhece os outros como ocorre no mundo.

Enquanto isso, não haviam passado mais que uns poucos minutos dessas penas e já me pareciam uma eternidade. Então pensei em pedir a um irmão do meu convento que rezasse por mim, porque eu estava no purgatório. Esse irmão ficou impressionado, porque sentia a minha voz, mas não me via. Ele perguntava: ‘Onde você está? Por que não consigo vê-lo?’ (…) Só então percebi estar sem corpo. Me contentei com insistir-lhe que rezasse muito por mim e fui embora.

Mas como? – dizia eu a mim mesmo. Não seriam só duas ou três horas de purgatório? Mas já se passaram 300 anos!’ – pelo menos esta era a minha impressão. De repente, a Bem-Aventurada Virgem Maria apareceu para mim e lhe supliquei, implorei, dizendo-lhe: ‘Ó Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, obtém para mim do Senhor a graça de retornar à terra para viver e agir somente por amor a Deus!’.

Percebi também a presença do Padre Pio e lhe supliquei: ‘Pelas suas dores atrozes, pelas suas benditas chagas, Padre Pio meu, reze por mim a Deus, para que me liberte destas chamas e me conceda continuar o purgatório sobre a terra’. Depois não vi mais nada, mas percebi que o Padre Pio conversava com Nossa Senhora (…).

Ela inclinou a cabeça e sorriu para mim.

Naquele exato momento, recuperei a possessão do meu corpo. (…) Com um movimento brusco, me livrei do lençol que me cobria. (…) Os que estavam velando e rezando, assustadíssimos, correram para fora do quarto, para buscar os enfermeiros e médicos. Em poucos minutos, o hospital virou uma bagunça. Todos pensavam que eu era um fantasma.”

No dia seguinte pela manhã, o frei Daniele se levantou sozinho da cama e se sentou em uma poltrona. Eram sete horas. Os médicos geralmente visitavam os pacientes às nove. Mas, neste dia, o Dr. Riccardo Moretti, o mesmo que havia redigido o atestado médico de óbito do frei Daniele, havia chegada mais cedo ao hospital. Ele parou na frente do frade e, com lágrimas nos olhos, disse-lhe: “Sim, agora eu acredito em Deus e na Igreja, acredito no Padre Pio!”.



O frei Daniele teve a oportunidade de compartilhar sua dor com Cristo durante mais de 40 anos após estes acontecimentos. Ele faleceu em 6 de julho de 1994, aos 75 anos, na enfermaria do convento dos Irmãos Capuchinhos de San Giovanni Rotondo (Itália).

(via Facebook/São Padre Pio)

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Há exatamente 500 anos, Lutero dividia a Igreja de Cristo




“Acredito que levará séculos para desfazer o nó de confusão e estupidez que se atou quando os reformadores, de modo um tanto irracional, separaram a Bíblia da Igreja”.

Embora G. K. Chesterton seja admirado tanto por protestantes quanto por católicos, e até mesmo por não-cristãos, as linhas transcritas acima não são exatamente um modelo de ecumenismo. Mas, uma vez que assistimos este ano ao quinto centenário da Reforma, é conveniente que tentemos entender de que maneira Chesterton identifica o problema que há meio milênio vem atormentando o mundo cristão. O problema tem a ver com o melhor de todos os livros: a Bíblia Sagrada.

Cinco séculos atrás, Martinho Lutero, seguido por João Calvino e outro líderes do que se conhece como Reforma Protestante, operou uma enorme cisão na cristandade européia ao separar-se da autoridade da Igreja apelando à autoridade da Escritura. Os reformadores não apenas separaram a Bíblia da Igreja, a ponto de excluir a própria Igreja; eles separaram a fé da razão, a ponto de excluir a própria razão.

O que veio em seguida foi confusão. Protestantes começaram a acreditar que, de algum modo, a doutrina católica não tinha base “escriturística” e, consequentemente, se privaram dos sacramentos:

O Batismo e a Eucaristia tornaram-se meros símbolos, desprovidos de qualquer força sobrenatural.
Já não havia mais necessidade nenhuma da Confissão, uma vez que a salvação provém de um único ato de misericórdia na cruz, e Cristo foi então removido da cruz, para que as pessoas não ficassem presas a essa coisa desagradável ou, pior do que isso, viessem a adorar uma imagem esculpida em um crucifixo.
O casamento entre um homem uma mulher perdeu seu elemento divino e, por conseguinte, o sexo começou a ser algo alheio ao matrimônio, e assim teve início a dissolução da família.
De guias espirituais encarregados de conduzir as almas para o céu, os padres começaram a ser vistos como agentes do inferno e das trevas.
A separação protestante entre Bíblia e Igreja foi impulsionada pela invenção da imprensa — uma invenção católica em uma sociedade católica, destaca Chesterton, mas que “foi largamente utilizada para encher as livrarias de mentiras contra essa mesma sociedade”.

Os protestantes continuaram a protestar, não só contra a Igreja Católica, mas ainda entre si, na medida em que novos grupos iam-se desmembrando em seitas cada vez mais estreitas com interpretações ainda mais estreitas da Bíblia e daquilo que devia ser o cristianismo. Pureza e justiça foram substituídas por puritanismo e farisaísmo, de modo que, em vez de condenar o mau uso das coisas boas, as boas coisas foram condenadas em si mesmas.

A ênfase calvinista na absoluta soberania de Deus deu origem, sem querer, a uma longa série de filósofos fatalistas, em cujo pensamento não havia lugar para o livre-arbítrio. O que no início era um conceito puramente teológico de predestinação abriu caminho para todo tipo de determinismo, econômico, político, social e psicológico, onde ninguém é mais responsável pelas próprias ações, podendo pôr a culpa em qualquer instância externa que esteja fora de seu controle.

O caos do mundo moderno, diz Chesterton, “não nasceu da cristandade, mas da sua ruptura”.

Ao separarem a Bíblia da Igreja, os protestantes fizeram a Bíblia voltar-se contra a Igreja. Perdeu-se a memória de que foi a Igreja que nos deu a Bíblia. Esqueceu-se do fato de que a Bíblia foi, e ainda é, um documento católico. Ignorou-se, além do mais, que a Bíblia protestante não é mais do que uma redução da Bíblia católica. Os reformadores jogaram fora inúmeros livros, desprezando-os como “apócrifos”, ou seja, de caráter duvidoso. Dúvida: o oposto da fé.

No entanto, foram os estudiosos seculares que disseminaram as dúvidas por todo o restante da Bíblia. Começaram a desmontá-la peça por peça sob o pretexto da crítica textual, e assim os protestantes se deram conta de que a única autoridade por eles reconhecida havia ruído. Nada lhes restou. E muitos deles saíram em debandada.

O irônico de tudo isso é que as mesmas pessoas que alertaram contra a idolatria de escritos sagrados terminaram por criar uma cultura que sofre de uma idolatria de tudo o que vem por escrito. Como diz Chesterton,

Há quase tanta superstição em beijar a Bíblia quanto em consultar o dicionário. O homem moderno, sobretudo o homem da cidade, pensa que tudo o que está impresso passou de alguma maneira por um exame e recebeu um diploma, que é de algum modo verdadeiro em si mesmo… O homem moderno acredita antes na enciclopédia do que na testemunha ocular; dá mais crédito ao que noticia o jornal do que aos olhos de quem presenciou o fato. Ele compra o jornal na manhã seguinte para descobrir o que realmente se passou no evento de que ele mesmo participou na noite anterior.
Tudo isso pôs a Bíblia numa situação mais do que curiosa. Chesterton resumiu bem o problema há quase cem anos, mas a sua análise permanece ainda muito precisa. Ele está certo, de modo particular, ao dizer que “a ignorância sobre essas coisas está crescendo”.

Em primeiro lugar, há os fundamentalistas, que recorrem à Bíblia sem a menor consideração pela autoridade que, na verdade, fixou o cânon bíblico. Trata-se, segundo Chesterton, “de uma mitologia, segundo a qual o elefante se apoia sobre o casco da tartaruga, e a tartaruga, por sua vez, não se apóia em coisa nenhuma”.

Há, em segundo lugar, os setores mais laxistas, que são no fundo bastante estritos, para quem só algumas passagens da Bíblia podem ser ensinadas em público, ao passo que todo o restante é inapropriado.

Em terceiro lugar, há os modernistas, que acusam a Igreja Católica de ter feito na “idade das trevas” aquilo que os laxistas têm feito agora: selecionar arbitrariamente certos trechos da Bíblia e esconder o resto do povo. (Esta é a acusação à Igreja que se faz, por exemplo, no conhecido “O Código da Vinci”.) A Igreja, diz Chesterton, “tem sido acusada de esconder a Bíblia; mas, ainda que isso fosse verdade, seria algo muito menos surpreendente do que a fez a Reforma, que teve grande êxito em esconder tudo o mais”. O protestantismo foi muito bem sucedido em esconder da civilização ocidental a sua própria história.

E há, por outro lado, a única Igreja que manteve íntegra a Bíblia, enriquecendo com seus textos a liturgia, cantando dia após dia as suas orações, aplicando sua sabedoria atemporal a estes tempos. É a mesma Igreja que teve o cuidado de preservar outros documentos antigos que não só atestam a veracidade das Escrituras, mas ainda demonstram qual a diferença entre um texto inspirado e outro não. A Igreja Católica, que ainda ensina tudo o que está contido nas Escrituras, pode indicar em que parte da Bíblia se encontra o fundamento de cada um de seus ensinamentos:

o Batismo é um nascer de novo (cf. Jo 3, 5);
o vínculo matrimonial é indissolúvel (cf. Mc 10, 11) e reflexo da união entre Cristo e sua esposa, a Igreja (cf. Ap 19, 7);
é necessário confessarmos nossos pecados (cf. Tg 5, 16) a um sacerdote (cf. Mt 8, 4);
Jesus fundou uma Igreja, constituiu o seu primeiro chefe (cf. Mt 16, 18), conferiu a seus Apóstolos a autoridade de perdoar os pecados (cf. Jo 20, 23) e disse que, ao menos que lhe comamos o corpo e o sangue, não teremos em nós vida alguma (cf. Jo 6, 53).
Isto nos traz de volta ao ecumenismo no despertar da Reforma. Ainda temos o grande dever de apelar ao amor a Deus e ao seu Filho que temos em comum com nossos amigos protestantes; mas temos também a responsabilidade de fazê-los olhar com honestidade para a Bíblia e para o conjunto da história, para o que realmente aconteceu quando os reformadores separaram a Bíblia da Igreja.

Não se trata de uma missão impossível. Eu mesmo já a vi ser cumprida com sucesso. Foi um católico fiel, amoroso e sem medo de dizer a verdade que, com paciência, me levou da igreja batista para a Igreja una, santa, católica e apostólica. Ele primeiro apelou àquilo que tínhamos em comum; em seguida, fez-me cair na conta daquilo que me estava faltando. Ele conseguiu fazê-lo porque já havia percorrido o mesmo caminho. O seu nome era G. K. Chesterton.